“A poesia pode ser pura e impura, e espanto, e inocência, perversidade’’ – Luís Carlos Patraquim

Leo Cote e Hirondina Joshua conversaram sobre poesia com um dos mais sonantes nomes mais importantes em Moçambique, Luís Carlos Patraquim. Numa interação em que o poeta foi provocado a falar sobre como surge a poesia e como ocorre o seu processo criativo. Foi nesse sentido que Patraquim afirmou que a poesia surge contra todas as antinomias para tentar uma via única que por sua vez, se vai abrir para todos os seus contrários e para a percepcão e tentativa de assunção de um ponto brilhante que pode ser muito sombrio algures e essa caminhada que pode estar no começo fim ou durante e é isso que constitui o desafio do poema.
A produção do poema, sob ponto de vista de Luís Carlos Patraquim, passa por uma sua modulação e composição até chegar a este. O poeta por si só trabalha as suas ambiguidades e percepções. No fundo a poesia implica um sagrado.
“Poesia não se programa, ela está sempre em qualquer lugar, independente do espaço físico, mas necessita de muita disciplina, mas isso não deixa de fazer com que quem este genero escreve sinta-se livre. O poeta é dos indivíduos mais livres, e em contrapartida muito disciplinado, por isso, dificilmente faz parte de grupos como política, por exemplo”.
Luís Carlos Patraquim (Fotografia de Alfredo Cunha) | Fonte: sinalaberto.pt
E porque conversa foi conduzida por poetas da nova geração, para um poeta da geração anterior, o debate sobre poesia de combate e poesia carnívora não podia faltar, pois uma marca uma fase gritante da história de Moçambique, reflectindo o que se vivia no tempo da guerra de libertação e a poesia carnívora marca a transformação da literatura moçambicana. Uma poesia de reclamação sobre um determinado problema relacionado à realidade do poeta.
Luis Carlos Patraquim considera que a literatura surge quando aparece um novo autor e estes autores estão em constante angústia com os problemas a sua volta e nesta camada há sempre vários tipos de interrogações, este poeta interroga-se em cada canto em que se encontra.
Colocado a responder sobre o risco de consagrar os autores, Patraquim afirmou que “O escritor pode ser morto pela sua consagração se este for vaidoso e com pouco juízo. O verdadeiro poeta não liga às consagrações”.
Luís Carlos Patraquim é natural de Maputo, publicou as obras como a Inadiável Viagem, Vinte e Tal Novas formulações, O Osso Côncavo. Para além de poeta, Patraquim é jornalista, tendo fundado a Gazeta de Artes e Letras da revista Tempo em 1984. Actualmente vive em Portugal.
Esta entrevista aconteceu no âmbito da OitentaNoventa, uma iniciativa que coloca as novas vozes literárias diante dos seus autores preferidos para conversar sobre a escrita, os livros e a vida. Assista na integra aqui.
 
Por: Marcela Matimbe
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