Mia Couto [António Emílio Leite Couto] nasceu na Beira, cidade capital da província de Sofala e passa a residir em Maputo em 1971. Formou-se em Biologia pela Universidade Eduardo Mondlane onde tem lecionado a cadeira de Ecologia. Passou a exercer a profissão de jornalista depois do 25 de Abril de 1974. Trabalhou na Tribuna até 1975, dirigiu a Agência de Informação de Moçambique (AIM). A seguir trabalhou como diretor da revista Tempo até 1981 e continuou a carreira no jornal Notícias até 1985.
Mia Couto tem uma obra literária extensa e diversificada, incluindo poesia, contos, romance e crónicas, e é considerado um dos escritores mais importantes de Moçambique. As suas obras são publicados em mais de 22 países e traduzidas em alemão, francês, castelhano, catalão, inglês e italiano. Em 1983, publicou o seu primeiro livro de poesia, “Raiz de Orvalho”, mas é no romance que se consagrou como autor importante nas literaturas em língua portuguesa. Com Terra Sonâmbula, o seu primeiro romance, publicado em 1992, ganhou o Prémio Nacional de Ficção da Associação dos Escritores Moçambicanos em 1995 e foi considerado um dos dez melhores livros africanos do século XX por um júri criado pela Feira do Livro do Zimbabué. Em 1996 publicou A Varanda do Frangipani, romance, ao qual se seguiu Mar Me Quer, como contribuição para o pavilhão de Moçambique na Exposição Mundial EXPO’98 em Lisboa em 1998, um ano depois publicou Vinte e Zinco. Em 2000 publicou “O Último Voo do Flamingo” com o qual venceu o Prémio Mário António de Ficção de 2001. Com o livro O Gato e o Escuro, com ilustrações de Danuta Wojciechowska estreou-se no conto infanto-juvenil. Mas em 2002 volta a publicar um romance, com “Um Rio Chamado Tempo”, uma Casa Chamada Terra. Em 2004 publicou “A Chuva Pasmada”, com ilustrações de Danuta Wojciechowska. Publicou em 2006 O Outro Pé da Sereia e no mesmo ano saiu o livro O beijo da palavrinha, com ilustrações de Malangatana. Em 2008 publicou “Venenos de Deus, Remédios do Diabo” e nos dois anos subsequentes publicou “Jesusalém”, em 2009, [no Brasil, o livro tem como título “Antes de nascer o mundo”] e “Pensageiro frequente”, em 2010. Publicou, em 2012, “A Confissão da Leoa” e em 2015, 2016 e 2017 publica os três volumes da trilogia “As Areias do Imperador”, respectivamente, “Mulheres de cinzas”, “A Espada e a Azagaia”, e “O Bebedor de Horizontes”. A tradução francesa dessa trilogia venceu, em 2020, o Prémio Jan Michalski de literatura. Em 2019 junta-se em co-autoria com o escritor angolano José Eduardo Agualusa, lança “O terrorista elegante e outras histórias”, no mesmo ano que publica “O universo num grão de areia”. Em 2020 regressa ao romance com o livro “O Mapeador de Ausências”.
A 25 de Novembro de 1998 foi feito Comendador da Ordem Militar de Santiago; Iago da Espada, do Mérito Científico, Literário e Artístico pela República de Portugal. Em 2007 venceu a XVII edição do Prémio União Latina de Literaturas Românicas, em 2008 o Prémio Rosalía de Castro do Centro PEN Galiza, 2011 Prémio Eduardo Lourenço, atribuído pelo Centro de Estudos Ibéricos. Em 2013 foi laureado com o Prémio Camões, o mais importante prémio de literatura em língua portuguesa e em 2014 foi agraciado com o prémio Neustadt International Prize for Literature, tido como Nobel Americano.