“Ninguém Matou Suhura” foi escrito como terapia e contra o esquecimento. O colonialismo, a barbárie, a injustiça, o racismo e todo um contexto de um regime que subjugou os mais fundamentais princípios de humanidade, como foi o sistema colonial.
Agora, “Ninguém Matou Suhura”, passados 35 anos, chegou a vez de serem os leitores e academia, a não permitir que a obra seja esquecida, através de um colóquio que também é pretexto para celebrar o trabalho de Lília Momplé, enquanto personalidade importante, histórica até, na construção das vozes que se seguiram a si.
A autora justificou a escrita da obra composta por cinco contos que ilustram a vida perante o sistema colonial nos seguintes termos: “Este meu primeiro livro “Ninguém matou Suhura” foi escrito só depois da independência do meu país e é a realização de um sonho antigo ao mesmo tempo que me permitiu realizar uma verdadeira catarse, livrando-me de uma carga emocional que carreguei durante anos” – Lília Momplé.
A obra de Lília Momplé é fundamental para a compreensão de uma parte da história de Moçambique, embora seja ficcionada. “Ninguém matou Suhura”, propõe uma reflexão aguda do colonialismo português e seus desdobramentos sociais e históricos.
Quanto ao Colóquio, será feito de vários momentos, entre eles, a análise crítica à obra de Lília Momplé por estudiosos, apresentações artísticas e a intervenção da própria autora.
Lília Momplé, de nome completo, Lília Maria Clara Carrière Momplé, nasceu a 19 de março de 1935, na Ilha de Moçambique, província de Nampula, Moçambique. Concluiu os estudos secundários em Lourenço Marques (atual Maputo), frequentou o curso de Filologia Germânica, até ao 2.º ano, e licenciou-se em Serviço Social, pelo Instituto Superior do Serviço Social de Lisboa. Exerceu várias funções, entre elas, a de diretora do Fundo para o Desenvolvimento Artístico e Cultural (FUNDAC), a de secretária-geral da Associação de Escritores de Moçambique (1995-2001) e a de representante do Conselho Executivo da UNESCO (2001-2005).
Lília Momplé publicou, aos 53 anos de idade o seu primeiro livro, “Ninguém Matou Suhura” (contos, 1988), de seguida publicou “Neighbours” (romance, 1996), “Os Olhos da Cobra Verde” (contos, 1997) e o guião para o galardoado filme “Muhupitit Alima” (1988). Em 2001, ganhou o prémio Caine para Escritores de África, com o conto “O Baile de Celina” do seu livro “Ninguém Matou Suhura”. Para além deste prémio, obteve também o 1.º Prémio de Novelística no Concurso Literário do Centenário da cidade de Maputo, com o conto “Caniço”.
Em 2011 a autora foi galardoada pela sua carreira, com o Prémio José Craveirinha.