A escritora moçambicana Énia Lipanga está entre os nomes confirmados na programação do 10º Festival de Poesia de Lisboa. Conhecida por sua forte actuação na interseção entre arte e causas sociais, Énia se destaca como poeta, jornalista e activista comprometida com os direitos das mulheres e a inclusão de pessoas com deficiência.
Sua trajetória profissional é marcada por experiências diversas na comunicação social, com passagens por veículos como a Super FM, Rádio Pamodzi, Gungu Televisão e Correio da Manhã. Além disso, tem dedicado sua carreira à promoção de espaços de expressão para vozes periféricas e artistas marginalizados.
Fundadora do projeto “Palavras São Palavras”, um sarau inclusivo que celebra a diversidade artística, Lipanga também lidera o movimento Incluarte, que fomenta a produção cultural de artistas com deficiência. Sua obra poética aborda temas como identidade, ancestralidade e questões de gênero, sempre com um olhar crítico e sensível.
Em 2024, a autora realizou a tournée “Composta de Ti(s)” pelo Brasil, onde participou de diversos encontros literários, debates e atividades acadêmicas em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Florianópolis. Durante a viagem, estabeleceu colaborações importantes, entre elas, um projeto literário conjunto com a escritora Conceição Evaristo.
Ainda em território brasileiro, Énia foi homenageada com o lançamento de uma colecção de roupas inspirada no seu poema “Sou África”, publicado em 2018, e recebeu uma medalha de Direitos Humanos durante uma conferência dedicada aos povos originários em Roraima.
Entre suas obras mais significativas estão:
“Sonolência e Alguns Rabiscos”, primeiro livro em Moçambique a ser publicado simultaneamente em tinta e braille;
“Para Enxugar as Nódoas dos Meus Olhos”, que aborda resistência e emoções profundas sob a ótica feminina;
“Ensaios da Partida”, uma coletânea poética sobre memória, despedida e permanência.
Ao longo da carreira, a autora já participou de eventos literários em vários continentes, incluindo África, Europa e América. Em 2024, foi reconhecida como uma das mulheres mais inspiradoras pela revista Hamasa Magazine e incluída na lista das 100 personalidades negras mais influentes da lusofonia.