Jessemusse Cacinda já era um cultor da crónica que roçava o território ficcional, agora publica o seu primeiro livro onde os géneros se misturam e encontram uma outra via da escrita num realismo mágico com fortes inspirações na oralidade e cultura popular.
O jornalista e filósofo Jessemusse Cacinda estreia-se na prosa narrativa com o livro Kwashala Blues, a ser lançado esta segunda-feira, 04 de Setembro, às 17h00, na Galeria do Porto de Maputo, com a apresentação do professor e ensaísta Lourenço do Rosário e da filósofa Stélia Muianga.
Kwashala Blues, editado pela Ethale Publishing, junta a crónica, o conto e o romance num só livro. A professora e ensaísta brasileira da Universidade Federal da Paraíba, Vanessa Pinheiro, após ter lido, entendeu que "Kwashala Blues revela camadas interpretativas que o leitor descobre aos poucos, embevecido. O leitmotiv é a morte do pai do protagonista, que desencadeia memórias afetivas narradas em curtos relatos. Estes relatos são sintetizados por Cacinda pela metáfora musical do ritmo popular moçambicano kwashala que, assim como a vida mimetizada na trama, tem oscilações e nuances”.
A prefaciadora do livro analisa que Kwashala Blues convida o leitor para uma viagem, desde Maputo até a Nampula, por sinal, onde nasce e cresce o autor da obra. E, a partir daí, indica, “se a capital moçambicana acaba sendo um contraponto vibrante de Nampula, essa cidade assume contornos mais definidos à medida em que viajamos pela vida dos seus habitantes, entre Muahivire e Namicopo. As marcas da ocupação colonial no Índico ainda assombram os dias tranquilos de um professor, dos estudantes e, também, a vida do jovem em luto pela morte do pai. Em Iapala, a história familiar entrecruza-se com a do caminho dos sacos de sal e açúcar em trânsito para o Malawi, tanto ouvido nas histórias dos mais velhos.” O prefácio é assinado por Noemi Alfieri, professora da Universidade Bayreuth da Alemanha.
Jessemusse Cacinda nasceu em Nampula, Moçambique. É fundador da editora Ethale Publishing, vocacionada na promoção da literatura e do pensamento africano.
Foi jornalista na Rádio Moçambique, onde venceu o prémio “Qualidade” nas categorias, “Melhor Crónica” (2012) e “Melhor Reportagem Temática” (2013) e Co-Director do Festival Fim do Caminho (Nampula, Moçambique).
Coordenou as antologias “O Hamburguer que matou Jorge” (Ethale Publishing, 2017) e “Nampula: Antologia de his-es-tórias de uma cidade vibrante” (Ethale Publishing, 2022). Participou na antologia “Contos e crónicas para ler em casa II” (Literatas, 2020). Publicou o livro de entrevistas “Pensar Africa” (Ethale Publishing/Literatas, 2021). Participou como autor de capítulos nos livros “Desafios da Comunicação no sec XXI” (Década de Palavras, 2018), “Moçambique Neoliberal” (Ethale Publishing/Editora Educar, 2019), “Do Quarto ao Quinto Homem” (Ethale Publishing, 2021) e “Caderno de Música Moçambicana” (Kuphaya, 2023), e coordenou o livro “Moçambique: Emergência, Reconstrução e Resiliência” (Ethale Publishing/AMEA, 2022). Tem textos publicados nas revistas Índico e Literatas, e na Doeck Literary Magazine. Trabalha como redactor de radionovelas, documentários,
reportagens, relatórios e manuais. Estudou Filosofia, Jornalismo, Sociologia do Desenvolvimento e Gestão de Projectos.