O júri justificou a entrega do prémio aos dois jovens concorrentes, sem obra publicada, por serem “mutuamente complementares”.
Assim, ambos partilham o valor pecuniário de 150 mil meticais, vão participar na residência literária por um mês na cidade de Óbidos, em Portugal, onde igualmente integrarão o programa do Festival Literário Internacional de Óbidos, Folio 2023.
Gibson João, concorreu com o conjunto de poemas intitulado “[Da casa]: o seu inclinado murmúrio” que os membros de júri consideram a sua escrita “um exemplo feliz de quem sabe o que expressa e como fazê-lo. Trata-se de um livro marcado por uma apurada maturidade poética, que se enovela num modo discursivo a uma só vez rico e sucinto. As palavras encenam neste livro uma sedução quase física, ou melhor, as palavras parecem estar a incarnar à nossa frente, artifício que resulta claramente duma prática continuada de quilómetros de leitura”.
Gilberto Matusse que é professor na Faculdade de Letras e Ciências Sociais da Universidade Eduardo Mondlane (FLCS-UEM) e ensaísta, afirmou que o os membros de júri entenderam o conjunto de poemas “Incêndios à margem do sono”, de Óscar Fanheiro, como revelador de “sobriedade do autor na estruturação dos versos e na extensão da emoção da palavra. Trata-se de uma escrita desconcertante, incisiva, na qual se misturam o chulo e o nobre, as metáforas mais ricas e a rudeza do vigor coloquial, o realismo sujo e algumas imagens sublimes, numa comunicação polifónica que, não sendo sempre orquestrada com absoluto ajuste, é de uma inegável coerência estética e se manifesta numa liberdade que deve ser apanágio dos poetas”.
Por fim, os membros de júri que incluem ainda o poeta e editor António Cabrita, o poeta Francisco Guita Jr., o jornalista e crítico literário José dos Remédios e a poetisa Lica Sebastião, “recomendou um processo muito cuidado de edição destas obras, com cortes e acertos, como se exige a todos os livros promissores.”
Uma resposta
Óscar é um grande escritor e fico feliz que tenha sido distinguido. Continuemos a promover a literatura moçambicana que é muito bela. Faço vénia aos dois!