O autor Marcelo Panguana é o vencedor do prémio José Craveirinha, o mais prestigiado galardão da literatura moçambicana, anunciou ontem, 31 de Agosto, a Associação de Escritores Moçambicanos (AEMO).
“Isto quer dizer que dentro dos próximos tempos, com a minha querida esposa, vamos fazer de conta, ao longo do país, que somos ricos. Vai-me permitir fundamentalmente ter sossego, ter a presença de espírito para continuar a fazer aquilo que eu gosto, que é escrever, escrever, escrever e escrever”, disse o escritor, depois de receber o prémio.
Nascido na Cidade de Maputo, em 1951, precisamente no Hospital da Missão Suíça, actual Hospital Geral do Chamanculo, Marcelo Panguana cresceu no bairro de Xiphamanine, região sub-urbana da capital. É no Xiphamanine que o autor desenvolveu sua visão em relação às diferenças existentes entre as etnias.
Em Conversa com o autor Alvaro Taruma no espaço Oitenta Noventa , o escritor deixou ficar sua visão sobre o desafio de viver da escrita e a responsabilidade que carrega de escrever acerca do que lhe rodeia e sobre sua vivência. “Eu convivi com Macuas, Matxanganas, Matsuas, Manhembanes e foi esta urbanidade e a possibilidade de conviver com várias etnias na infância que fez-me perceber que somos todos iguais. E foi a partir daí que inicia o meu combate pelas diferenciações étnicas.’’ Revelou.
O Prémio de Literatura José Craveirinha tem um valor pecuniário de 25.000 dólares e foi instituído em 2003, em homenagem ao poeta, primeiro presidente e co-fundador (1922-2003) da AEMO, em 1981. Até 2007 este prémio foi atribuído ao melhor livro do ano e a partir de 2009 passou a premiar a carreira de um escritor, poeta ou ensaísta moçambicano cuja obra enriqueceu a arte literária e cultura moçambicana.
Marcelo Panguana publicou os “O Chão das Coisas”, de 2004, os “Os ossos de Ngungunhana, João Kuimba, Chico Ndaenda e outros contos”, de 2006, “Como um louco ao fim da tarde”, de 2010, “Conversas do fim do mundo”, de 2012, e “O vagabundo da pátria”, de 2016.
Foto: Oitenta Noventa