Em 2021, com a generosa colaboração do jornalista cultural Elton Pila, criei a Coluna semanal “Antes do nada”, e cheguei a publicar meia dúzia de crónicas na revista Literatas. Infelizmente a revista não resistiu a ferocidade deste sistema capitalista que está-se nas tintas para a atividade literária ou cultural. A revista morreu. O Edson da Luz também. Mas o mal ainda não venceu. E nunca vencerá. Cá estamos nós outra vez a recomeçar a luta. É o eterno retorno.
Março de 2023. O céu caiu-nos em cima. Não bastou a inundação dos nossos bairros de caniço, lata e competência dos Municípios. A lágrima é a maior das tempestades. Cá estamos nós mortificados até ao tutano. Perdemos a voz de comando, mas a revolução não deve parar. É urgente romper com as amarras políticas e sociais que nos distanciam da felicidade.
Um Homem que dedica a sua vida à luta pela emancipação do povo não pode apenas ser um mártir, é um herói. Na epopeia moçambicana o seu nome tem a grandeza de Hércules. Nove de março passou a ser um dia histórico, o nascimento de uma nova geração. Somos a geração nove de março, os frutos do embondeiro acabado de tombar nos braços impiedosos da morte.
Azagaia, – a sua vida e obra, – representa o divisor de águas na história recente de Moçambique. Há um país antes e um outro país depois. Azagaia, o verdadeiro futuro cidadão de um país que ainda não existe. A profecia se cumpriu.
Depois de quase dois anos a Coluna de pensar o nosso tempo volta a soar na nuvem, desta vez através da Plataforma Catalogus, dinamizada pelos meus companheiros de estrada, Mélio Tinga e Eduardo Quive. Fica o compromisso de uma edição semanal, sempre às segundas-feiras – em mood Babalaze das hienas depois da carnificina.
Venancio Calisto
Paredes de Coura, 12 de março de 2023