O Mestre Thomas Bakk e a literatura de Cordel | Uma performance magistral

Em Lisboa, na livraria Tigre de papel

houve uma belíssima performance de literatura de cordel.

 

O mestre Thomas Bakk foi o cantautor convidado

para o deslumbre e espanto do diabo

o Homem é grande e tem uma cara sisuda

barriga larga e a cabeça pender para a frente como um corcunda.

 

Mas engana-se quem o imagine feio

pois é elegante na alma e erudito como um seio

de uma mulher madura

poeta o suficiente para gostar da loucura.

 

De pandeiro na mão desafina uma canção

a narração vai começar mas antes vai uma improvisação

e os presentes na livraria

são alvos de rimas e poesia.

 

O ritmo da canção se apossa de nós

e o Homem, da cartola invisível retira um nó:

O cordel acontece diante dos nossos olhos

O peido, phoda-se que girolho

é a plateia em histérica euforia

o nosso contador é o mensageiro da alegria.

 

Satírico diz falar do rei bom

rei antigo e mitológico

um mentiroso descarado era bom

mas este nosso é sociólogo

fala de hoje em alegorias

como a vaca magra do salário mínimo

ou o sacana do macaco a dizer porcarias

 

O vinte e cinco de abril foi o pretexto

para um conto sobre moçambique no contexto

fabulário da velha tradição do karingana

fiquei tão contente com a homenagem que quase o chamem mugana

 

Obrigado grande mestre dos cordéis falantes

intérprete dos vivos e dos mortos falantes

khanimambo pela tua obra, mestre Thomas Bakk.

 

Venâncio Calisto

Alcochete, 23 de abril de 2023

 

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