O mundo corre ao ritmo frenético, quase selvagem e a necessidade de sobrevivência absorve o que de mais belo tem na vida, mas acima de tudo somos roubados o tempo para nos questionarmos sobre a beleza das pequenas coisas, sobretudo, para nos questionarmos sobre o que são essas coisas. As telas animadas, cheias de luz, a inteligência artificial, o entretenimento, as notícias de morte, as guerras entre nações, as desavenças, as incompreensões, a desumanidade, a procura pelo petróleo. Tudo isso participa naquilo que nos tira o sossego e a capacidade de observar, tocar, sentir e escutar o que de facto é belo e assombroso.
Esta é uma proposta para darmos uma pausa nos ofícios de se rasgar e de se remendar, e pensarmos na palavra, na sua (in)utilidade, e quem sabe na alquimia da linguagem.
É difícil definir poesia. Parece mais fácil o exercício do ofício do que a sua explicação. Talvez pouco importe. A nossa intenção não é encontrar uma fórmula global, pelo contrário, queremos desafiar diferentes autores a expressarem a diferença, a diversidade de expressão sobre o que poderá ser, para si, poesia.
Não há padrões nas respostas, cada poeta é livre de responder como pensa, entende e interpreta a questão central, e partilhar a sua visão e/ou compreensão sobre poesia, enquanto ferramenta de trabalho, de vida e de reflexão sobre a humanidade.
Nos próximos dias, duas vezes por semana, partilharemos as respostas de diferentes poetas moçambicanos, de diferentes gerações e diferentes lugares. O único desafio que lhes propusemos é que respondam a essa antiga questão sobre o seu ofício: O QUE É POESIA?
Coordenação:
Mélio Tinga & Otildo Guido