Obras vencedoras no Prémio de Poesia Reinaldo Ferreira apresentadas a 27 de Abril próximo no Camões

As obras vencedoras do Prémio Reinaldo Ferreira, “Chãos e outras Arritmias” e “Rostos desabitados e fragmentos do escuro”, dos autores moçambicanos Francisco Guita e Jeremias F. Jeremias são apresentadas publicamente  no Camões – Centro Cultural Português em Maputo, no dia 27 de Abril.

De acordo com o júri do prémio Reinaldo Ferreira, a poesia Guita Jr. no livro “Chãos e outras arritmias”, é encantadora, que faz corpo com o chão, com a terra, carregada de sensualidade e engloba o cosmos, numa vertente suportada pelo amor mesmo quando se lhe denota um certo desencanto do sujeito poético em relação às questões existenciais. Uma poesia firme, madura, dissecada com rigor e com sinais de vir a sobreviver no tempo.

A professora brasileira Carmen Lúcia Tindó Secco assinala, na nota de prefácio do livro “Chãos e outras Arritmias” que Guita Júnior, na esteira de Knopfli, Patraquim, Drummond de Andrade, Camões, é um grande poeta. “E é, também, não só um atento leitor da vida, da história, das solidões, da existência, do amor e da morte, mas dos silêncios e solitudes existentes nas entranhas líricas de sua obra poética”.

A obra “Rostos desabitados [e] os fragmentos do escuro”, de Jeremias F. Jeremias foi classificado como impecável pelo júri do prémio Reinaldo Ferreira, pela nítida e inédita construção de imagens, equilíbrio no conjunto e na atenção à sequência dos poemas no livro. Jeremias trabalha sobre a percepção, explorando o poema como pensamento e não como mensagem. Há condensação, ritmo, respeito ao poema como ente “não-parafraseável” (Roubaud). “Rostos desabitados” é um trabalho criativo a partir de elementos mínimos, básicos, como água, luz, pássaro.

O Prémio de Poesia Reinaldo Ferreira, em edição única, visa assinalar as comemorações do centenário do poeta Reinaldo Ferreira (1922-2022), que realizou toda a sua obra em Moçambique, e aqui morreu precocemente, vítima de um cancro pulmonar, aos 37 anos de idade, a 30 de Junho de 1959. O júri do prémio foi constituído, em duas etapas, pela bibliotecária Aissa Mithá, pelos escritores moçambicanos Adelino Timóteo e M. P. Bonde, pelo poeta e professor universitário brasileiro Ricardo Pedrosa Alves e pelo professor e ensaísta moçambicano Cristóvão Seneta.

A sessão de apresentação de “Chãos e outras arritmias” e “Rostos desabitados” estará a cargo dos escritores Lucílio Manjate e M. P. Bonde.

Sobre os autores

Francisco Guita Jr. nasceu em Inhambane, em 1964. Inicia a sua atividade literária no Xiphefo, Caderno Literário, em 1987, do qual é membro fundador. Estreia-se em 1997 com o livro de poesia “O Agora e o Depois das Coisas”. Em 2000 publica “Da Vontade e de Partir” (Prémio FUNDAC – Rui de Noronha, 1999) e “Rescaldo” (1.º Prémio de Poesia TDM – Telecomunicações de Moçambique, 2001). Lança em Portugal e Moçambique, em 2006, “Os Aromas Essenciais”. Em 2020 publica, em Moçambique e Angola, o livro “Da Pele do Rosto/ A Coisa do Tempo”.

Jeremias F. Jeremias é natural de Gaza. Reside em Maxixe, em Inhambane. É licenciado em Organização e Gestão da Educação pela Universidade Eduardo Mondlane e formado em Ensino de Português, pela Universidade Pedagógica. Foi vencedor da primeira edição do concurso “Prémio de Poesia Gala-Gala”, em 2020.

 

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