Na terça-feira, 10 de outubro, a 35ª edição do Prémio Camões surpreendeu o mundo literário ao distinguir o tradutor e escritor português João Barrento. Este é um dos momentos mais esperados da literatura em língua portuguesa, já que o Prémio Camões é considerado o mais importante galardão da língua.
A distinção de João Barrento, conforme explica o júri do Prémio Camões, é o reconhecimento da sua notável contribuição para a literatura em língua portuguesa. Sua obra, marcada pela singularidade e relevância, destaca-se especialmente nos domínios do ensaio e da tradução literária. Barrento é reconhecido por suas traduções de obras da literatura alemã, que abrangem desde a Idade Média até a época contemporânea, em todos os géneros literários. Essas traduções compõem um corpo consistente que enriquece nosso patrimônio cultural e amplia a divulgação das grandes obras da literatura mundial em língua portuguesa.
Nascido em Portugal em 1944, João Barrento estudou Letras na Universidade de Lisboa, formando-se em Línguas e Literaturas Modernas, com especialização em Literatura Portuguesa. Sua carreira académica o levou a se tornar professor de literatura e crítica literária em Portugal. Ele apresentou seu vasto conhecimento e compreensão da literatura com alunos em escolas e universidades, deixando uma marca indelével no cenário literário português.
Além de sua carreira acadêmica, João Barrento publicou traduções de obras literárias notáveis para o português. Essas traduções desempenharam um papel fundamental na disseminação desses escritores em Portugal e em países de língua portuguesa. Como crítico literário, Barrento também é conhecido por seus ensaios e análises de obras literárias, que ajudam a moldar a compreensão da literatura portuguesa e mundial em Portugal.
Em suas próprias palavras, Barrento reflectiu sobre a criatividade necessária para receber um prémio tão prestigioso: “Talvez faça algum sentido pensar num prémio igual a este, não apenas para grandes gêneros literários como a poesia ou o romance, a língua de Camões está no nome do prémio, o que exige uma criatividade que, no meu caso, considera quase equivalente à escrita final.”
Barrento também deixou um legado notável como autor, com cerca de vinte livros de ensaios, crítica literária e crônicas publicadas. Seu trabalho como editor e tradutor também merece destaque, com suas notáveis traduções das obras “Goethe”, “Robert Musil” e “Walter James”.
Em reconhecimento ao seu notável trabalho como tradutor, João Barrento foi agraciado com diversos prémios, incluindo o Prémio Calouste Gulbenkian da Academia de Ciências, o Grande Prémio da Tradução Científica e Técnica da União Latina, o Prémio de Tradução do Ministério da Cultura da Áustria, a Cruz de Mérito Alemã e a Medalha Goethe.
O júri da 35ª edição do Prémio Camões foi composto por figuras notáveis do mundo literário em língua portuguesa, com destaque para a integração do académico moçambicano Dionísio Bahule.
O Prémio Camões está estimado em 100 mil euros e já homenageou nomes como Miguel Torga. No ano passado, o premiado foi o escritor brasileiro Silviano Santiago, sucedendo à moçambicana Paulina Chiziane. Esta premiação continua a ser uma das mais prestigiosas e aguardadas na literatura de língua portuguesa.