Prémio Camões: a história do prestigiado galardão da literatura em Português

O Prémio Camões, é o maior galardão da literatura em língua portuguesa. Três autores moçambicanos, José Craveirinha (1991), Mia Couto (2013) e Paulina Chiziane (2021) já foram distinguidos com o prémio. O vencedor de 2022 é o escritor, ensaísta e professor brasileiro, Silviano Santiago. Mas qual é a história do prémio, o que se faz para receber e qual é o perfil e como é selecionado o vencedor?

A distinção surgiu em homenagem ao considerado um dos maiores poetas em língua portuguesa, Luís Vaz de Camões, nascido no XVI. O poeta é autor do clássico os Lusíadas, publicado em 1572, tido como das mais importantes obras da literatura em português.
Em 1988 é instituído, oficialmente o galardão na sequência de um acordo entre os governos de Portugal e Brasil, onde se promulgava como objectivo do prémio consagrar anualmente o autor de língua portuguesa que, pelo valor intrínseco da sua obra, tenha contribuído para o enriquecimento do património literário e cultural da língua comum. O autor galardoado, além de ter o conjunto de sua obra reconhecida, recebe uma láurea no valor de 100 Mil Euros. Metade deste valor é subsidiado pela Fundação Biblioteca Nacional (Biblioteca Nacional do Brasil, cujo nome oficial institucional é Fundação Biblioteca Nacional, é a depositária do patrimônio bibliográfico e documental do Brasil, considerada pela UNESCO uma das dez maiores bibliotecas nacionais do mundo e a maior da América Latina).

Mas, o que se faz para receber esta distinção? Qual é o perfil dos vencedores deste prémio? como é selecionado o vencedor? E que obras são necessárias para vencer o prémio Camões? São estas questões que nos propomos a responder no presente artigo. Também traremos algumas das figuras que mais se evidenciaram ao longo da história do maior galardão da literatura de língua portuguesa.

Para receber o Prémio Camões, os autores não participam de algum concurso, eles passam por uma avaliação, feita por um júri composto por docentes e investigadores de países de língua portuguesa. Mas nem sempre foi assim, inicialmente faziam parte do corpo de jurados investigadores portugueses e brasileiros. A mistura dos avaliadores do prémio prevê criar clareza e imparcialidade no concurso destinado a autores de língua oficial portuguesa. O júri é rotativo e escolhido especificamente para o efeito. Também rotativo é o local da atribuição do prémio, que vai saltando entre os países lusófonos.

DE MIGUEL TORGA A LUANDINO VIEIRA

A primeira distinção ocorreu um ano depois da instituição do prémio, em 1989. O autor consagrado nesse ano foi o português Miguel Torga e desde então seguiram-se escritores de outras nacionalidades de países de língua portuguesa, sendo que Brasil e Portugal são os países com maior número de vencedores. Os laureados pelo Prémio Camões, têm algumas características em comum, nomeadamente, todos são escritores que não se dedicam só a escrever géneros literários como ficção ou poesia, o que há em comum nos galardoados é que estes indivíduos, mais do que escrever estão intrinsecamente ligados à causas sociais e na transformação dos seus espaços físicos, particularmente nas sociedades a que pertencem. São pessoas que tem vozes de impacto e fazem a diferença. O que é evidenciado quando a organização do prémio explica o que a leva a distinguir determinado autor a cada ano.
Ao longo dos 34 anos de história do galardão, a recusa de receber o prémio do angolano José Luandino Vieira em 2006, é um dos marcos negativos. Segundo reportou a imprensa na altura, o autor alegou razões pessoais, íntimas como motivo para a recusa. Mesmo tendo recusado de receber a distinção, a organização do concurso decidiu manter José Luandino Vieira como vencedor naquele ano, considerando que ainda que o tenha negado, este continuava a ser uma escolha justa.

Moçambique com três vencedores

Moçambique tem registro de três vencedores Prémio Camões. Em 1991, o poeta moçambicano José Craveirinha foi o primeiro autor africano a receber o Prémio Camões. Em 2013 seguiu-se a atribuição a Mia Couto em 2013 e recentemente, 2021, a escritora Paulina Chiziane foi laureada.

Abaixo confira os vencedores do premio camoes ao longo dos anos:
1989 – Miguel Torga, Portugal
1990 – João Cabral de Melo Neto, Brasil
1991 – José Craveirinha, Moçambique
1992 – Vergílio Ferreira, Portugal
1993 – Rachel Queiroz, Brasil
1994 – Jorge Amado, Brasil
1995 – José Saramago, Portugal
1996 – Eduardo Lourenço, Portugal
1997 – Pepetela, Angola
1998 – António Cândido de Mello e Sousa, Brasil
1999 – Sophia de Mello Breyner Andresen, Portugal
2000 – Autran Dourado, Brasil
2001 – Eugénio de Andrade, Portugal
2002 – Maria Velho da Costa, Portugal
2003 – Rubem Fonseca, Brasil
2004 – Agustina Bessa-Luís, Portugal
2005 – Lygia Fagundes Telles, Brasil
2006 – José Luandino Vieira, Portugal/Angola
2007 – António Lobo Antunes, Portugal
2008 – João Ubaldo Ribeiro, Brasil
2009 – Arménio Vieira, Cabo Verde
2010 – Ferreira Gullar, Brasil
2011 – Manuel António Pina, Portugal
2012 – Dalton Trevisan, Brasil
2013 – Mia Couto, Moçambique
2014 – Alberto da Costa e Silva, Brasil
2015 – Hélia Correia, Portugal
2016 – Raduan Nassar, Brasil
2017 – Manuel Alegre, Portugal
2018 – Germano Almeida, Cabo Verde
2019 – Chico Buarque, Brasil
2020- Vítor Manuel de Aguiar e Silva
2021-Paulina Chiziane, Mocambique
2022- Silviano Santiago, Brasil

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