Os livros “Compêndio para Desenterrar Nuvens” de Mia Couto (prosa), “Rostos Desabitados [e] Fragmentos do Escuro” de Jeremias F. Jeremias (poesia), e “Criação do Fogo” de Álvaro Fausto Taruma (poesia), estão entre os sessenta semifinalistas do Prémio Oceanos 2024.
Sobre as obras moçambicanas semifinalistas
“Compêndio para Desenterrar Nuvens” de Mia Couto é uma colectânea de histórias que combinam a profundidade poética com a simplicidade narrativa. As personagens e cenários são complexos, mas apresentados de maneira que cativam o leitor. Originalmente publicadas como crônicas na revista VISÃO, essas histórias nascem das experiências diárias e dos sonhos do autor, explorando a tênue linha entre o real e o imaginário no contexto moçambicano.
“Rostos Desabitados [e] Fragmentos do Escuro” de Jeremias F. Jeremias, premiado com o Prémio de Poesia Reinaldo Ferreira em 2022, destaca-se pela construção meticulosa de imagens e pela inovação no tratamento poético. Jeremias aborda a poesia como um pensamento denso e rítmico, onde o poema não se limita a uma mensagem simples, mas sim a um reflexo criativo de elementos fundamentais como água, luz e pássaros.
“Criação do Fogo” de Álvaro Fausto Taruma, o mais recente trabalho do autor, oferece uma reflexão crítica sobre os desafios enfrentados por Moçambique, com ênfase no terrorismo em Cabo Delgado e na situação geopolítica do Médio Oriente. A obra reforça o compromisso do poeta com questões contemporâneas de grande relevância.
O Prêmio Oceanos e os semifinalistas de 2024
Segundo comunicado da organização do Prémio Oceanos, após mais de quatro meses de avaliação, o júri selecionou 60 livros, divididos igualmente entre prosa e poesia, provenientes de autores de Brasil, Portugal, Moçambique e Cabo Verde. Este resultado destaca a missão do prêmio de valorizar a língua portuguesa em sua diversidade.
Este ano, o Oceanos recebeu 2.619 inscrições, submetidas a dois júris especializados em prosa e poesia, compostos por profissionais de Angola, Brasil, Cabo Verde, Moçambique e Portugal. Entre os semifinalistas, encontram-se escritores como Mia Couto, Micheliny Verunschk, Germano Almeida, João Silvério Trevisan, João Tordo, Adília Lopes, Nei Lopes e Luis Henrique Pellanda.
Agora, o Prémio Oceanos avança para a seleção dos 10 finalistas, a partir das 60 obras semifinalistas. O júri actual, composto por membros de diferentes países lusófonos, incluindo os brasileiros Carola Saavedra e Cristóvão Tezza, os portugueses António Araújo e Simão Valente, e os moçambicanos Teresa Manjate (prosa), Ademir Assunção, Luiza Romão, Helena Buescu, Hugo Pinto Santos e Teresa Noronha (poesia), terá a tarefa de escolher os dez finalistas.
Realizado via Lei de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet), o Prêmio Oceanos é uma das mais importantes premiações literárias em língua portuguesa, contando com o patrocínio do Banco Itaú, e o apoio de instituições como a Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas da República Portuguesa, Itaú Cultural, Biblioteca Nacional de Moçambique, Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas de Cabo Verde, e o apoio institucional da CPLP. O prêmio é administrado pela Associação Oceanos em parceria com o Itaú Cultural.