Amosse Mucavele é um poeta, editor, performer e jornalista cultural moçambicano, nascido em 1987 na cidade de Maputo. Figura de destaque da nova geração de escritores de Moçambique, Mucavele tem construído uma trajetória marcada pela fusão entre literatura, oralidade e activismo cultural. Desde cedo envolvido com a escrita, destacou-se pela sua poesia engajada, que aborda temas como identidade, ancestralidade, desigualdade social e a vida urbana, sempre com uma linguagem lírica e profundamente enraizada na realidade africana contemporânea.
Sua estreia literária aconteceu com o livro Entre o Sono e o Sonho (2011), que já revelava sua sensibilidade poética e sua atenção às questões sociais e existenciais. No entanto, foi com Esculpindo a Palavra com a Língua (2017) que Amosse consolidou sua voz no panorama literário nacional e internacional. A obra, celebrada pela crítica, combina elementos da tradição oral africana com uma linguagem moderna e incisiva, e já foi traduzida para o inglês, francês e espanhol. Nesse livro, o autor mostra sua habilidade em esculpir versos como quem trabalha a madeira ou a pedra — com firmeza, intenção e beleza.
Além de escritor, Mucavele é um dos principais representantes da poesia falada (spoken word) em Moçambique. Ele leva sua poesia para os palcos, ruas e espaços alternativos, tornando a palavra viva e acessível. Seu trabalho busca romper com o elitismo literário e devolver a poesia ao povo, principalmente aos jovens. Em entrevistas, já afirmou que deseja fazer “poesia para quem anda de chapa”.
Paralelamente à sua produção literária, Amosse Mucavele tem desenvolvido importantes projectos culturais que promovem a literatura moçambicana, como oficinas, saraus e antologias. Sua actuação contribui significativamente para a valorização de novas vozes africanas e para o fortalecimento do intercâmbio entre escritores da lusofonia.
Com uma escrita politicamente consciente e culturalmente enraizada, Amosse Mucavele representa hoje uma das vozes mais autênticas e promissoras da literatura africana contemporânea. Seu trabalho prova que a poesia pode ser, ao mesmo tempo, arte e resistência.